LIVRO 3

prólogo em 80 bpm foi inspirado no cordel de Rodolfo Cavalcante e Abdias Soares, A vaca que pariu uma criança em Salvador!, de 1961 (no acervo de literatura de cordel da Casa de Rui Barbosa). No verso “uma Bezerra turina”, é tUrina mesmo, não é taurina não! co“Turino: adj. Designação antiga do gado malhado leiteiro, importado de Portugal, e que lá constituía um Holandês degenerado. Diz-se, por extensão, do bovino com sangue Holandês” (em O sertão de Oswaldo Lamartine – Volume 4: Vocabulário do criatório norte-rio-grandense, UFRN, 2022).

VACA
A primeira estrofe é releitura de Fabião das Queimadas, em O romance do boi da Mão de Pau, que conta a história de um boi selvagem que prefere se jogar de um penhasco a ser preso num curral. Os versos 1 e 3 da segunda estrofe são de Gregório de Matos em “DEDICATORIA ESTRAVAGANTE QUE O POETA FAZ DESTAS OBRAS AO MESMO GOVERNADOR SATYRIZADO”. Estrela de Patativa é a Vaca Estrela do poema Vaca Estrela e Boi Fubá, de Patativa do Assaré.

BOI
O verso “Quando ele muge desce a paz sobre o mundo” é reescritura de Jorge Amado falando do namorado de Tereza Batista cansada de guerra (“quando ele sorri desce a paz sobre o mundo”). Eu fico muito mal, Tereza Batista era obcecada com macho é eu merminho ahha <3

PIRANHA
A expressão “piranha da terra” eu aprendi com Mestre Aberaldo, artesão da Ilha do Ferro, em Alagoas.

CABRA
Colagem do artigo “Não existe doce ruim, nem cabra bom” – a invenção de um conceito para os trabalhadores do Cariri Cearense, século 19, de Ana Sara Ribeiro Parente Cortez Irfii. Os versos 47, 50 e 51 são menção a João Cabral em Quaderna (1956-1959), assim como toda a última estrofe.

MULA
Potranca de Menelau é Derek Walcott em Omeros, capítulo 6, parte 2, na tradução de Paulo Vizioli. A história do menino enforcado em praça pública por roubar uma colher é real (em Hanging in the Balance: A History of the Abolition of Capital Punishment in Britain, de Brian P. Block e John Hostettler). A primeira vez que ouvi falar desse caso foi no vídeo-ensaio Capital punishment & prision abolition (a partir do minuto 2:38), de Abigail Thorn. Os versos 11 e 12 da última estrofe são de Drummond em Agritortura, do livro Boitempo.

A LA URSA
Esse artigo “a”, em teoria, é redundante, já que “la” também é artigo feminino singular em espanhol. Porém é assim que as pessoas falam, então é assim que ficou escrito. Inclusive vi no iutube que tem gente que escreve “Alauça” e fiquei até pensando em usar essa grafia. A epígrafe do poema é de uma entrevista feita por Marilia Santos para seu artigo A La Ursa quer dinheiro, quem não dá é pirangueiro: transformações no carnaval das La Ursas em São Caitano (PE), de 2021.

BESTIÁRIO #4
As informações das primeiras estrofes foram retiradas da página sobre o Cerco a Leningrado no Wikipedia e suas fontes. A estrofe 8 é inspirada em A queima dos livros, de Brecht, na tradução de Paulo Quintela, de 1975. O verso 1 da estrofe 10 é tirado de The 900 Days: The Siege of Leningrad, de Harrison Evans Salisbury (1969). O verso 2 da mesma estrofe é de Late Victorian Holocausts. El Niño famines and the making of the Third World, de Mike Davis (2001) e Mass starvation: the history and future of famine, de Alex de Waal (2018). A estrofe 11 é citação de trecho do romance Parque Industrial (1933), de Pagu, que ganhei em 2021 de Fred Spada, do sebo Estante Outra, a quem muito agradeço, pois infelizmente esse importantíssimo livro ficou fora de catálogo muitos anos e era caríssimo nos sebos (a Cia das Letras relançou em agosto de 2022). E a estrofe 12 é informada pelos relatórios anuais do Programa Mundial de Alimentos, da ONU.

HISTÓRIA e TEORIA

  • Monstros e monstrengos do Brasil
    Afonso d’Escragnolle-Taunay (org. Mary del priore, Cia das Letras, 1998)
  • Too many people?
    Ian Angus e Simon Butler (Haymarket Books, 2011)
  • Bestiarium Zircense
    Facsimile do manuscrito original, com prefácio de Anna Boreczky (Budapeste: National Széchényi Library, 2016)
  • Gregório de Matos: do barroco à antropofagia
    Samuel Anderson de Oliveira Lima (EDUFRN, 2016)

PROSA

  • Tereza Batista cansada de guerra
    Jorge Amado (Lisboa: Círculo de Leitores, 1983)
  • Parque Industrial
    Patrícia Galvão (Edufscar, 1994)
  • Um olhar sobre a cidade
    Dom Hélder Câmara (Civilização Brasileira, 1976)
  • Canto de muro
    Luís da Câmara Cascudo (Global, 2012)

POESIA

ARTIGOS